quinta-feira, 13 de maio de 2010

The Long Ships - Cenário Viking para Cthulhu Dark Ages (Parte 2)


Continuação do Cenário de Dark Ages Cthulhu.

Cena 4: Sobreviventes

[Os personagens foram todos separados após o naufrágio.]

Bjorn é o primeiro a despertar em uma praia de areias escuras, lançado pelas ondas do mar em meio a destroços e restos do drakkar. O guerreiro observa ao redor e encontra o corpo de outro homem afogados. Ao tentar socorrê-lo, tentáculos saem da boca do morto e agarram o viking pelo pescoço o estrangulando.

Ele acorda! Foi um pesadelo, mas ele realmente se encontra numa praia e destroços o cercam. Não há viv'alma no lugar.

O guerreiro caminha pela praia até ouvir os gritos de outro sobrevivente, Rurik Sigmundson, que quebrou o braço esquerdo (rolamento de 00%!). Após improvisar primeiros socorros, os dois se colocam a procurar por outros sobreviventes que o mar teria cuspido na praia, mas encontram apenas cadáveres e restos de pano. Os dois conseguem acender uma fogueira e aguardam na praia.

Em outro ponto, Leif desperta após um sonho horrível em que seu pai é morto por um monstro marinho. Ele acorda do pesadelo e vomita água salgada. O jovem vaga sem destino e encontra um baú que flutuou até a praia. Ele recolhe mapas e os estranhos manuscritos obtidos em Inisprager.

Brodir acorda com gaivotas bicando o ferimento em seu supercílio. Furioso ele avança contra as aves e xinga as vozes da sua cabeça. Olaf que andava desconsolado pela praia pedregosa o encontra e o louco, acredita ser ele um fantasma. "Cale-se Brodir, se eu fosse um fantasma teria mais o que fazer além de atormentar um idiota de miolo mole!" (frase da aventura!!!!)

O insano aceita o argumento e os dois homens se colocam a buscar sobreviventes. Ao invés disso encontram o corpo sem vida de Ivar Sturlunson, caranguejos saíndo de sua boca. Os dois pensam em queimar o corpo, mas dada a situação acabam enterrando-o. Nesse momento eles vêem fumaça e se dirigem até o lugar encontrando Bjorn e Rurik. Leif finalmente percebe a fumaça, mas no momento seguinte recebe um golpe na cabeça e cai desacordado.

Os demais se reencontram e enquanto planejam o que fazer, Brodir percebe que há movimento próximo. Há estranhos se aproximando armados com pedaços de pau, facas e lanças. Parecem ser pescadores da região, eles trazem Leif amarrado e um homem segura uma faca em sua garganta.

O momento é tenso, apesar de serem guerreiros, os vikings estão em desvantagem numérica, fatigados e com um deles dominado. Bjorn, o único dentre eles que está armado baixa a espada e negocia com os pescadores irlandeses. Os homens são da vila pesqueira de Annagh que fica ali perto, os pescadores encontraram os destroços do drakkar e sabiam que a maré levaria o que sobrou até aquela praia.

Bjorn barganha pela ajuda dos pescadores mas seu conhecimento do idioma Gaélico é pequeno, Brodir quase põe tudo a perder e Olaf acerta um soco no estômago do louco fazendo todos rir. O momento de descontração ajuda e o chefe dos pescadores concorda em levar o grupo até sua aldeia desde que todos entreguem as armas e prometam vir em paz.

Cena 4: Annagh e a Charneca da Bruxa

O vilarejo de Annagh é pequeno com pouco mais de 10 cabanas. As pessoas são desconfiadas da presença de forasteiros, quanto mais nórdicos. O grupo é levado até uma dessas cabanas para descansar. Um velho surge logo depois e se apresenta como Carlen ancião do vilarejo.

O homem ouve o que os vikings tem a dizer e estes omitem o fato de serem saqueadores, Carlen, no entanto, deixa claro que sabe estar tratando com guerreiros nórdicos. O ancião tem para eles uma oferta.

A região vem sendo atormentada por uma tribo de guerreiros selvagens que habitam os pântanos de água salgada ao norte. Eles atacam e matam por prazer, estupram as mulheres, torturam os velhos e ateiam fogo aos vilarejos. Todos os temem e evitam, há alguns meses eles passaram a atacar os vilarejos com o intuito de sequestrar as pessoas que são embarcadas e levadas até sua aldeia no meio do pântano. Com que propósito ninguém sabe ao certo.

Carlen teme que sua aldeia seja atacada em breve e como não tem como defender seu povo, pede ajuda aos nórdicos. Ele não tem nada a oferecer, contudo uma bruxa chamada Fionnualla vive ali perto, nas charnecas e pode conceder alguma recompensa se eles se dispuserem a falar com ela.

Bjorn conversa com os demais e todos aceitam o trato embora nem todos estejam ansiosos por cumprir sua parte no plano. Uma bela moça do vilarejo acaba atraíndo a atenção de Leif que conversa brevemente com ela. Ela avisa para o rapaz tomar cuidado com Fionualla, pois ela não é quem parece ser. Antes de explicar o que isso quer dizer, a jovem é chamada pelo pai e se afasta obediente.

À noite, um rapaz chamado Keenan se apresenta na cabana e se oferece para guiar os guerreiros até a charneca onde vive Fionualla. O lugar fica a algumas horas de caminhada no centro de um pântano escuro, infestado de mosquitos e serpentes venenosas. Durante a jornada os vikings sentem uma aura de ameaça nesse lugar como se olhos os observassem à todo instante.

A velha habita uma choça insalubre em um banco de areia cercado de água estagnada. Keenan se nega a ir mais perto e fica esperando a volta. O rapaz entrega a eles uma bolsa com frutas, peixe e carne salgada para ser entregue à velha.

Os vikings se aproximam com água até as canelas, serpentes passam por perto e Rurik golpeia uma víbora peçonhenta que sibilava furiosa. Os guerreiros param diante da porta ornada com ossos amarelados pendurados em cordas feitas de cabelo trançado. Acima da porta duas caveiras sorriem sardônicas. A voz da megera se faz ouvir convidando os visitantes para adentrar sua cabana nefasta.

Dentro o ambiente é ainda mais inquietante, serpentes venenosas e insetos andam pelo chão de terra batida. Um caldeirão de ferro borbulha um cozido de fedor nauseante na lareira. O cômodo pequeno está impegnado de fumaça e fuligem.

A velha décrepita é de longe a visão mais terrível. Ela está sentada diante de uma fogueira que ilumina timidamente o lugar, permitindo que suas feições sejam vistas. É impossível precisar sua idade, seus cabelos cinzentos e sujos descem pelo escalpo como uma cascata repleta de lama, lêndeas e piolhos. Um dos olhos foi tomado por cataratas brancas e leitosas, o outro tem um tom cor de mel, vivo e sempre atento. As orelhas são grandes e sem firmeza como leques e o nariz adunco e tumoroso pende como um gancho. Sua boca é larga, com os lábios quebradiços e manchados, já os dentes são amarelos, podres e pequenos. Seu corpo coberto por um vestido rústico de pano cru é esquálido e arquejado, com uma corcunda esponjosa de aspecto fungóide. Os braços finos como galhos, cheios de gânglios terminam em mãos na forma de garras reumáticas dotadas de dedos finos e unhas sujas. O cheiro que emana dela é o mesmo de terra de cemitério, erodida por uma enxurrada. Horrível em cada detalhe, pior no todo, a visão causa náusea.


Cena 5: Negociando com Fionualla.

"Ah então os bravos guerreiros temem a visão da velha Fionualla" diz a velha cuspindo e rindo.

Bjorn dá um passo a frente e entrega a bolsa enquanto os outros que o seguem cautelosamente. Os vikings sentam perto do fogo, a velha lhes serve o cozido repulsivo em pratos rasos e observa enquanto eles comem. Apesar da aparência a comida não é ruim, pelo contrário é extremamente saborosa.

Rurik e Bjorn explicam então o que os trouxe até o lugar e a velha se limita a ouvir a narrativa. Bjorn mostra a ela os manuscritos obtidos na Igreja Cristã de Inisprager e a velha acena com a cabeça. "Ah, eu sei bem o que é isso!".

Ela relata que os homens do pântano salgado, não passavam de bárbaros estúpidos, até que anos atrás se aliaram à raça das Crianças das Profundezas. Eles aceitaram de bom grado misturar seu sangue ao deles. Aceitaram também venerar seus deuses negros: Dorgoon, Mãe Brigh e o Deus Sacerdote Clulu. O pacto lhes rendeu valiosas recompensas, abundância de peixes e tesouros submersos, mas também obrigações. As Crianças das Profundezas cumpriram sua parte do trato, e agora era chegado o momento de retribuir. Eles precisam de escravos, principalmente de fêmeas fecundas para satisfazer seus apetites. Mais do que isso, de tempos em tempos, mortais devem ser sacrificados no altar de Clulu, na ilha de Caer Bargni, que surge por um dia elevando-se do fundo do mar apenas para afundar novamente levando as oferendas.

Fionualla afirma não ter uma recompensa, contudo na Ilha de Caer Bargni existe um templo dedicado a Clulu onde as Crianças das Profundezas depositam riquezas aos pés das estátuas do Deus Ancestral. "Este é um tesouro maior e mais valioso do que se pode imaginar. Mas para obter esse tesouro é preciso tomá-lo", a velha gargalha de forma irritante.

Rurik pergunta a ela se a bruxa pode lhes oferecer mais alguma coisa para ajudar. Ela então parece se animar. "Eu conheço feitiços que podem protegê-los, mas esse benefício terá um custo". A bruxa sorri antes de dizer o que quer em troca.

"Eu vivo num pântano ermo e afastado, privada do contato de qualquer um. Mas em parte eu sou humana e ainda arde em mim a cobiça pelo vigor masculino que jamais experimentei. O tempo me tornou velha e enrugada e ainda que meu ventre agora seja estéril e seco, nem por isso estou livre do desejo. Se querem minha ajuda, um de vocês deve me oferecer o fogo da luxúria".

Os vikings se entreolham chocados: "Eu lhes ofereço a chance de ter uma fortuna incalculável, não é isso o que todo homem almeja? Sem minha ajuda as chances de vocês será bem menor!"

Os homens decidem que a ajuda da bruxa se faz necessária e por mais repulsiva que seja a tarefa concordam que ela lhes concederá um benefício. Os vikings decidem tirar na sorte aquele que cumprirá o papel, a bruxa dispensa Olaf que já não é mais um moço. [O jogador que controlava Olaf nesse momento preparou uns palitinhos para que a sorte decidisse por eles já que ninguém foi voluntário].

E Leif acabou puxando opalito mais curto. Não é preciso descrever o que aconteceu quando o rapaz ficou sozinho com a bruxa (é claro o pobre diabo perdeu uma baita sanidade!) .

Ao terminar a bruxa chama os vikings novamente para a choça e mostra a eles um fruto escuro de aparência repulsiva.

"Um de vocês deve fazer o que digo: Meta esse fruto na boca. Há um caroço grande em seu centro carnudo, engula-o de uma vez. O gosto é amargo como fel, mas nada tema, não é venenoso! Quando surgir algo com o qual vocês não puderem lidar gritem em voz alta: "Shub-Niggurath! Que suas crias sejam louvadas na Terra e em Yuggoth! Fionualla pede sua dádiva."


Os personagens tiram nova sorte, excetuando Leif que já sofreu demais, e Olaf é o escolhido. Ele observa o estranho fruto, o caroço parece um tipo de verme inchado que se mexe no interior da fruta. Respirando fundo ele engole o caroço.

Terminado o acordo, Fionualla manda então que eles vão embora e os guerreiros saem sem dizer uma palavra.

[Conclui na próxima postagem]

2 comentários: