quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Velhos Guerreiros não morrem jamais - Visões no Campo de Batalha


Artigo publicado originalmente em 09 de abril de 2011

O artigo sobre a Batalha de Towton ainda rendeu a descoberta de curiosas lendas a respeito de fantasmas e aparições na região. Um material bem interessante para ambientações de horror e que eu penso em usar futuramente em algum cenário.

Em um entardecer de agosto de 1936, Stephen Jenkins, um rapaz de 16 anos, explorava a região de Selby, em Yorkshire, próximo de onde havia acontecido a Batalha de Towton no século XV.

Ele não conhecia a história da região e não sabia praticamente nada a respeito do local. Passava as férias escolares na casa de parentes e gostava de vagar pelos arredores apreciando a paisagem idílica.

Enquanto contemplava o entardecer, Jenkins subitamente assombrou-se diante de uma visão impossível: um exército de guerreiros medievais com armaduras havia surgido diante dele. Vestiam mantos vermelhos, brancos ou pretos e suas montarias estavam ajaezadas de acordo. Os homens tinham olhares austeros e um dos guerreiros, com a mão na espada, olhava fixamente para onde ele estava.

Os soldados pareciam reais e embora ele não fosse capaz de ouvir o som que eles produziam, podia perceber que eles estavam cientes de sua presença e tinham expressões curiosas. Ansioso por observá-los de perto, Jenkins deu um passo à frente mas, ao se mover, o exército desapareceu tão repentinamente quanto havia surgido.

Jenkins voltou para o vilarejo próximo e relatou o que viu, mas na ocasião ninguém o levou à sério, embora as pessoas tenham lhe contado à respeito da sangrenta batalha que teve lugar naquelas mesmas planícies no distante ano de 1461.

Jenkins só retornou a região 38 anos mais tarde, desta vez com um mapa nas mãos e acompanhado da esposa; queria rever o lugar onde teve a visão da qual jamais se esqueceu. Segundo ele, enquantoprocurava o lugar exato a visão surgiu exatamente como antes e desapareceu do mesmo modo. Igualmente estupefata, a mulher contou que também foi capaz de ver o exército medieval nitidamente.

Mas dessa vez Jenkins não estava só e quando relatou o que havia visto em Selby descobriu que naqueles anos, muitas pessoas haviam visto a mesma coisa. Um grande número de indivíduos andando pelas planícies, se depararam com o exército medieval: cavalos de batalha, cavaleiros em armaduras, soldados armados e arqueiros em marcha.

Jenkins se impressionou ao saber que algumas pessoas afirmaram serem capazes não só de ver a tropa mas também de interagir com eles, falar e até tocá-los brevemente.

Em 1943, um pastor de ovelhas chamado Paul Suthecliff relatou ter encontrado o exército em plena marcha, não ao longe como contou Jenkins, mas de bem perto. Os homens surgiram do nada ao seu redor e Paul ficou perto o bastante deles para sentir o cheiro de suor emanando de suas armaduras e ouvir palavras em um inglês arcaico. Suthecliff disse que os homens o olhavam como se ele fosse um estranho (e de fato o era!) e o ignoraram a medida que marchavam. A visão sumiu quando ele tocou o flanco de um dos cavalos.

Em 1950 outro caso foi relatado desta vez envolvendo uma família inteira que afirmou ter parado o carro em que viajavam na estrada e descido para ver a multidão de homens e cavalos que se deslocava para o Leste. Os cavaleiros olhavam assustados para a campina onde estava o veículo e alguns apontavam incrédulos como se não conseguissem compreender o que estavam vendo diante de si. A família disse que gritou para eles, imaginando que se tratava de algum tipo de encenação teatral, e quando o fez percebeu a reação de alguns que em seguida desapareceram.

Rory Gety e Silvia Perth, um casal de namorados, presenciou algo incrível quando cruzavam as planícies depois de um piquenique em 1968. Os dois contaram que enquanto voltavam para Selby ouviram um som trovejante de galope. Ao voltar-se, se depararam com um enorme cavalo de batalha montado por um homem trajando uma armadura medieval. O cavaleiro passou por eles velozmente os lançando para fora da trilha e continuou correndo rumo ao bosque onde desapareceu sem deixar vestígio.


O que todas essas visões tem em comum é que parecem envolver guerreiros que travaram a sangrenta Batalha de Towton.

A Parapsicologia, ciência que estuda manifestações sobrenaturais, explica que em lugares onde intensas emoções foram despertadas - como cenas de assassinato ou locais de tragédias em grande escala - uma energia residual se mantém ativa. A analogia usada para explicar o fenômeno envolve imaginar um incêndio. Suponha que um fogo tenha consumido uma casa. Dias depois as chamas já se apagaram e o lugar pode até ter sido limpo, mas o cheiro de fumaça ainda pode ser sentido no ar evidenciando que algo aconteceu ali. Com essas emoções acontece a mesma coisa, a diferença é que elas permanecem no ar por séculos marcando o local. É essa energia que seria detectada propiciando visões como as dos soldados medievais.

Estudiosos de fenômenos fantasmagóricos acreditam que Towton é um lugar onde emoções fortes foram despertadas pela Batalha de 1461. O horror daquelas pessoas continuou suspenso no ar explicando porque eles ainda eram capazes de se materializar diante de testemunhas incrédulas. Alguns afirmam que os soldados são os espectros dos guerreiros marchando para uma das mais terríveis batalhas da Guerra das Rosas, homens condenados a vagar pelos séculos eternamente em um limbo.

Um dos casos mais notáveis teria contecido em setembro de 1977, um comerciante chamado Donald Pierson, morador da região descia as planícies à caminho de casa quando ouviu o som de uma pessoa pedindo socorro. Ele correu rapidamente para o lugar de onde vinham os gritos e quase pisou em um homem esparramado na relva baixa. Acreditando que ele havia sofrido um acidente Pierson começou a fazer perguntas mas o homem era incapaz de explicar coerentemente o que havia acontecido. Pierson acendeu um isqueiro e na luz trêmula percebeu que o sujeito vestia roupas medievais, uma tabarda branca e vermelha e tinha uma flecha enterrada no abdomen. Pierson tentou confortar o sujeito mas não obstante ele acabou morrendo em seus braços.

Pierson voltou para Towton e quando chegou lá contou o que havia presenciado. As pessoas, no entanto, estavam mais preocupadas com o comerciante que tinha as roupas cobertas de sangue. Voltando ao local exato onde tudo aconteceu, o guerreiro moribundo havia desaparecido sem deixar vestígios.

Defensores das Ciências Ocultas tem uma explicação ainda mais fantástica para o fenômeno.

Eles acreditam que os campos no entorno de Yorkshire são vias cobertas por Linhas de Ley (Ley Lines). O conceito é que estas são linhas invisíveis que cortam a terra como se fossem rios, que no lugar de água conduzem energia psíquica. Em certos lugares em especial, linhas se cruzam criando nódulos ou interceções onde essa energia psíquica transborda.

Diz-se que vários fenômenos paranormais estão associados ao cruzamentos de Leys, e os pesquisadores defendem que essas "linhas telúricas" existem em todo o mundo.

Para alguns as Leys seriam uma espécie de ligação entre o mundo visível, o nosso, e os mundos invisíveis, em certos momentos funcionando como passagens dimensionais entre diferentes realidades, no tempo e no espaço.

No passado distante, feiticeiros e druidas que desenvolviam uma sensibilidade especial eram capazes de seguir as energias emanando dessas Leys. Os locais onde as linhas se interceptavam eram tidos como marcos, considerados sagrados ou mágicos. Marcos de pedra e memoriais eram erigidos nesses lugares que tinham importância ritualística no sentido de magnificar os feitiços ali realizados.

Para os defensores dessa teoria, as Leys existentes nas planícies de Towton se cruzariam em determinados pontos gerando os nódulos onde passado e presente se encontram. Jenkins e as outras testemunhas, teriam então sido fisicamente transportadas ainda que momentâneamente para um lugar no passado e visto os soldados pouco antes da batalha.

Mas seria possível que os soldados tivessem compartilhado da mesma visão? Não há nenhuma menção ou registro histórico sobre visões perturbadoras no dia em que a batalha aconteceu e provavelmente a crônica da própria batalha ofuscaria qualquer um desses relatos.

Não se trata de um aconteciemnto isolado, há diversos relatos de ocorrências incomuns em locais que tiveram um passado conturbado o que inclui outros campos de batalha.

Para os que acreditam em fenômenos dessa natureza, as planícies de Towton são uma prova de que há muito ainda a ser compreendido à respeito da natureza do tempo e realidades paralelas.

3 comentários:

  1. Ou um lugar onde o tempo não corre linear... E esteja interferindo no tempo "corrente"...

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  2. A primeira teoria de "Time-travel" que faz até algum sentido pra mim.

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