terça-feira, 16 de agosto de 2011

Motos clássicas - Modelos para os anos 20 e 30

Não sou nenhum especialista em motocicletas, mas fiz alguma pesquisa para escrever esse artigo a respeito das motocicletas clássicas no período de 1900-1942 (época em que se passa a maioria dos cenários de CoC).

Imagino que possam haver alguns erros nessas descrições e que algum expert no assunto possa apontar inconsistências técnicas. O objetivo do artigo, é claro, não é ser técnico ou 100% fiel, mas conceder um sabor a aventuras que tenham personagens que saibam pilotar essas máquinas incríveis.

O que pode ser mais empolgante do que fugir de um Dark Young em alta velocidade em uma Harley-Davidson JD? Ou quem sabe correr pelo deserto enquanto um colega metralha uma horda de Sand Dwellers em seu sidecar?

Motos, Metralhadoras e Cthulhu... o que poderia ser mais cool?

Harley-Davidson 5D V-Twin 1909

A primeira motocicleta produzida pela Harley-Davidson com o inovador motor em formato de "V" disposto em ângulo de 45 graus, era capaz de alcançar a velocidade de 90 km/h, sendo considerada a moto mais rápida da primeira década do século XX.

Infelizmente era uma moto frágil que não rodava tão bem em qualquer terreno e exigia do piloto alguma habilidade. Mesmo assim é uma moto de corrida vitoriosa que venceu praticamente todas as corridas de sua época e entrou para a história pelo design inovador.

Harley-Davidson Model J - 1915

A primeira grande evolução das Motocicletas aconteceu em 1915 com o lançamento da Modelo J. Os pilotos da Harley-Davidson queriam algo mais arrojado, mais rápido e com mais estabilidade em terreno irregular. A Modelo J foi a resposta. O slogan da moto já dizia tudo: "A motocicleta que vai onde você quiser levá-la".

Esse modelo parecia ser feita para estradas off-road e tinha um ótimo desempenho em pistas de terra e lama. Ela era também muito leve e permitia que o motorista ajudasse a moto em subidas colocando um pé no chão. Esse modelo também foi o primeiro a ter um farol elétrico frontal e luz traseira que garantia segurança à noite. A Modelo J parecia ter sido feita para corrida de longa duração: era econômica, leve e resistente.

Harley-Davidson WJ Sport Twin with Sidecar - 1920

Com o fim da Grande Guerra, a Harley-Davidson voltou a se fixar em veículos para os tempos de paz. O modelo WJ surgiu como uma "motorcicleta para o homem moderno". Um veículo que era ao mesmo tempo bonito, esportivo, silencioso e prático.

O modelo WJ não era tão potente quanto os anteriores, mas era uma máquina adaptada para andar nas ruas das grandes cidades e não apenas no circuito off-road. O motor econômico, a estabilidade e a aderência tornaram essa moto o modelo mais seguro e confiável de sua época. A grande inovação eram os freios traseiros especialmente úteis nos centros urbanos e a ignição eletrônica que garantia o funcionamento em qualquer tempo. Outra inovação foram os sidecards que podiam ser adaptados na lateral da moto permitindo que ela levasse passageiros de carona.

No início de sua carreira, a WJ se tornou o modelo mais popular do mercado. A primeira motocicleta que rivalizou com os automóveis mais vendidos de seu tempo. Para se ter uma idéia o Ford T custava US$ 395 dólares, enquanto a WJ saia por US$ 380.

Harley-Davidson 8-Valve Racer - 1921-1928

Não se engane com a aparente fragilidade dessa moto, ela é um verdadeiro demônio das pistas. A Racer foi projetada exclusivamente para corrida e é a moto que a Harley-Davidson desenvolveu para ser a sua campeã de velocidade. Tudo nela foi adaptado para rapidez e performance em corridas.

As 8 válvulas faziam ela literalmente voar como um foguete e os primeiros engenheiros mecânicos chegaram a afirmar que ela jamais seria um veículo seguro para ser pilotado. Mas vários pilotos discordaram e aqueles ousados o bastante para dominá-la sagraram-se campeões e recordistas em praticamente todas as provas disputadas, o que valeu o apelido de "Equipe de Demolição".

Em Fevereiro de 1921, em Fresno na Califórnia, o piloto Otto Walker quebrou o recorde de velocidade ao atingir 172 km/h e logo em seguida por vencer uma corrida desenvolvendo velocidade média de 162 km/h em uma corrida de 50 milhas. Mais de 60 anos teriam de passar até que esse segundo recorde fosse quebrado.

O grande problema da Racer é que era uma moto para profissionais. Acidentes fatais acabaram acontecendo e a linha foi descontinuada para venda ao público ficando restrita aos pilotos de corrida. Seu alto custo fez comq ue a Harley cessasse sua produção, até hoje alguns afirmam que a firma parou de produzir a Racer por ela ser muito superior a todos os seus oponentes.

Harley-Davidson Model JD - Police Department - 1927


Potência! É isso que muitos entusiastas da Harley-Davidson desejavam depois da WJ. Uma máquina que fosse imponente, forte e cujo motor fizesse a diferença.

A Harley JD era uma fera, a precursora das enormes máquinas que marcaram os anos 60-70. Ela foi também o primeiro modelo em que o motorista pilotava quase de pé no quadro da moto, reforçado e com um assento elevado e acolchoado. Os pneus da JD também eram mais largos o que garantia estabilidade. Um dos apelidos da JD era "corcel", pois ela viajava pelas estradas com maciez e com um ronco inconfundível. O tanque de combustível também foi adaptado para longas viagens e tinha um ótimo desempenho em matéria de consumo. Foram os modelos JD que incorporaram as bolsas semelhantes a celas onde o motorista podia carregar objetos necessários em longas jornadas. Em 1929, Dweight Law cruzou a América de costa a costa em uma JD, da Califórnia até New York. No filme "Fugindo do Inferno", Steve McQueen pilota uma JD enquanto foge dos nazistas.

Esse modelo de motocicleta se tornou famoso por ter sido associada a polícia rodoviária em vários estados nos EUA. A moto era a preferida de agentes rodoviários que cruzavam as estradas velozmente. A California Highway Patrol (CHiPs) foi instituída em 1930 e seus patrulheiros usavam Harley-Davidson JD em serviço.

Harley-Davidson Flat-Head EL Model "Knucklehead" - 1936

A famosa Harley-Davidson EL é uma verdadeira lenda.

Ela foi criada durante os anos mais negros da Grande Depressão, do Dustbowl e da Crise, mas também uma época em que a febre por motocicletas estava no auge. A Harley-Davidson estava disposta a inovar e seus construtores se superaram com o motor OHV (Over Drive Valve) capaz de atingir 1000 cc.

Mas a EL não era diferente apenas na parte mecânica, seu visual era distinto de todas as máquinas da época. O sucesso da JD incentivou os construtores a criar algo ainda maior e imponente. O tanque inteiro foi redesenhado, um novo painel mais moderno foi idealizado e uma caixa com quatro marchas de velocidade adicionada.

Essa foi considerada uma das melhores máquinas disponíveis, o tipo de motorcicleta que marcou época e que ainda hoje se distingue pelos traços arrojados. Quando alguém fala de Harley-Davidson a primeira imagem que surge é esse modelo.

O nome "Knuclehead" vinha da cabeça dos cilindros no motor que eram encimadas por uma cobertura semelhante a uma manopla emborrachada. Essa é a moto que aparece no filme Indiana Jones e a Última Cruzada pilotada pelo intrépido Dr. Jones.

Harley-Davidson WLA - Army Service - 1942/1945


No filme Capitão América, o personagem título pilota uma dessas motos e não é à toa!

A WLA foi a motocicleta usada pelo exército americano na Segunda Guerra Mundial e era chamada de "Liberator".

Desde o primeiro conflito mundial, as forças armadas tinham enorme interesse nos veículos Harley-Davidson, mas foi na Segunda Guerra que elas se converteram em uma parte importante das atividades militares com mais de 90 mil unidades usadas nos campos de batalha em todo mundo.

As principais características estéticas eram sua pintura verde-oliva e paralama dianteiro mais alto. Banco revestido em couro com molas na parte inferior e farolete para ampliar a visão noturna também faziam parte do conjunto. A suspensão dianteira era Springer (molas na parte superior, perto do farol, que é usada até hoje) e a traseira, tipo rabo-duro. Esta "guerreira" tinha freios a tambor em ambas as rodas. A WLA trazia ainda vários acessórios. Entre eles, alforje para transportar o rádio, bainha em couro para o rifle, protetor de pernas e parabrisa. Além de filtro banhado a óleo, que não deixava a poeira entrar no sistema de refirigeração.

Dá para imaginar uma moto dessas num campo de batalha ou em meio a um Raid como o de Innsmouth.

Indian Scout - 1928

Depois de tantas versões construídas pela Harley-Davidson essa moto parece uma estranha no ninho. Mas não se pode falar de motocicletas clássicas da primeira metade do século XX sem abrir um parênteses e mencionar a Indian Scout.

A maior concorrente, e para muitos a única moto da época tão eficiente a ponto de competir com as inovações da H&D. Mas o que transformou a Indian num ícone? Pode-se falar de seu motor em V (copiado da Harley, é verdade) capaz de imprimir 600 cc ou de seu design inovador do quadro que permitia ao piloto dirigir quase deitado no banco (para muitos ela foi a precursora das motos de alta velocidade como a Kawasaki Ninja). Para outros é a facilidade com que a moto respondia aos comandos de seu condutor, com uma agilidade e rapidez impressionantes.

A Indian também tem seu lugar na galeria dos objetos de desejo. Assim como a Ferrari, seus modelos eram pintados na cor vermelha metalizada e eram máquinas construídas quase artesanalmente. Seus engenheiros diziam que "qualquer motorista podia ter uma Harley-Davidson, mas os pilotos preferiam uma Indian".

O modelo 1927 está no rol das três melhores motos de todos os tempos (atrás de duas H&D) e isso não é pouca coisa. Outra razão dela estar na lista é que a fábrica principal da Indian ficava na Nova Inglaterra. E finalmente, ela está aqui, por ser uma das minhas favoritas...

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