quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sobre Decapitações, Guilhotinas e 50 segundos de puro horror...

"Repleta teu cesto divino com cabeças de tiranos.../Santa Guilhotina, protetora dos patriotas,/Rogai por nós./Santa Guilhotina, calafrio dos aristocratas,/Protegei-nos!"

Prece Revolucionária, 1792-1794

Imagine você caminhando através de uma multidão hostil em direção ao patíbulo. Rumo à sua Execução.

O aparelho que será usado é uma espécie de estrado reto de madeira com quatro metros de altura. No topo dele encontra-se suspensa uma pesada lâmina triangular de aço temperado, pesando 40 quilos, afiada como uma navalha. O carrasco o coloca em posição: deitado sobre uma mesa de madeira com a barriga para baixo, as mãos amarradas às costas e o pescoço ajustado cuidadosamente no lugar.

Quando tudo está pronto, ele puxa uma corda e libera a lâmina que desce velozmente separando a cabeça de seu corpo. A Guilhotina cumpriu a sua função: A Decapitação.

A guilhotina ficou eternamente associada com a Revolução Francesa. Uma ferramenta rápida, precisa e mortal para impor a pena capital. Segundo estimativas, durante os sete anos que se seguiram a Revolução, algo em torno de quinze mil pessoas conheceram de perto o beijo da lâmina que não segregava ninguém.

Foi o médico Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814) quem sugeriu o uso desse aparelho macabro, defendendo que era uma forma de execução mais humana do que o uso do machado ou da forca, que nem sempre eram precisos. Guilhotin não foi o inventor do método, ele já era empregado há séculos em sentenças capitais em toda a Europa, mas o seu uso foi sugerido pelo célebre cirurgião - um fabricante de bisturis - que recebeu a "honra" de ter seu nome associado ao aparelho.

Mas se Guilhotin tencionava conceder dignidade ao condenado, é provável que tenha falhado em suas pretenções.

Pesquisadores holandeses recentemente determinaram que os neurônios, as células que compõem o cérebro humano, se mantém ativas mesmo depois do suprimento sanguíneo ser abruptamente cortado. E mais, os neurônios continuam funcionais por quase um minuto.

Então voltemos à cena da guilhotina: A lâmina desce implacável, de repente você sente um baque e parece que tudo está girando. Seria possível continuar ciente do que está acontecendo? Será que ainda é possível experimentar conscientemente a horrível realidade de que sua cabeça foi removida de seu corpo?

Os cientistas realizaram experiências usando camundongos para medir a atividade cerebral dos animais no momento e após a decapitação (Sério? Ao que tudo indica, têm gente que precisa sair mais.) O que eles descobriram é que após a decapitação, a atividade dos neurônios (percebida na forma de intensa atividade elétrica) continua por mais ou menos 50 segundos.

Será que nesse período, ainda seria possível ver, ouvir e sentir alguma coisa? Ninguém (ao menos, ninguém vivo) realmente sabe, mas a possibilidade existe.

Uma das horrendas tradições que envolviam a decapitação, incluía erguer a cabeça da vítima para que a turba pudesse ver sua expressão de horror - imagem que pode ser vista no alto desse artigo.

De onde veio o costume, ninguém sabe ao certo - é possível que seja um daqueles momentos pouco auspiciosos em que a humanidade mostra sua face mais cruel. Contudo, cronistas da Revolução comentavam que alguns decapitados pareciam horrivelmente conscientes do que lhes havia acontecido.

Como se o horror ainda estivesse estampado em seus olhos... por pelo menos 50 segundos.

4 comentários:

  1. Bem legal esse post! Eu costumo pesquisar bastante sobre formas de execução e a guilhotina é realmente uma das mais sinistras!
    A pesar de ser associada a Revolução Francesa, ela foi utilizada pela última vez em 1977, na execução de um açogueiro que torturou e matou uma jovem de 21 anos, Hamida Djandoubi era o nome dele. A última execução pública pela guilhotina foi em 1939, depois disso passaram a ser realizadas dentro das prisões.

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  2. Caramba... nunca pensei que a guilhotina fosse tão tensa assim.

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  3. Coitados dos ratinhos. Tem gente que é doente e usa a ciência como desculpa.

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    1. Parabéns pela postagem, ficou incrível!Respondendo o Daniel, não é doença, sei que parece horrível decepar um rato em nome de um estudo, mas por mais absurdo que pareça, é necessário para que possamos entender o que pode acontecer com nosso corpo. Não duvido que devido a esse tipo de estudo, já estamos a um passo de podermos transplantar cabeças e isso no futuro com certeza nos será muito útil. No futuro tente não sair condenando estudiosos como "doentes", pois você pode vir precisar de um dos métodos estudados por esses "doentes".

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