sábado, 16 de junho de 2012

Slenderman Mythos - Adaptando a Lenda Urbana para a sua mesa de jogo


Aqui estão algumas idéias sobre a Lenda Urbana do Slenderman para ser usada genericamente em qualquer sistema. Eu optei por não construir a ficha do Slenderman e deixar que cada mestre adapte essa criatura ao seu jogo, assimilando as características que achar mais interessante ou adequada.

O Slenderman é ao meu ver uma ótima opção para um cenário de horror investigativo, com personagens investigando a existência do mito, o paradeiro de alguma pessoa afetada por ele ou quem sabe uma série de rumores que cercam uma epidemia de desaparecimentos uma mesma comunidade. A primeira vista o Slenderman parece um horror contemporâneo, adequado apenas para ambientações como o Novo WoD, Esoterrorists ou Fear Itself, contudo é possível usar de certa flexibilidade para inserir essa entidade em ambientações nas décadas de 30, 20, ou quem sabe até em outras eras na Idade Média ou na Roma Antiga.

O grosso envelope de papel pardo estava sobre o tampo da mesa. Não havia nenhuma identificação de remetente. Ken olhou ao redor esperando que alguém pudesse explicar, mas ninguém parecia ter percebido quem o colocou ali e ninguém parecia interessado. Sentando na mesa ele apanhou o envelope e examinou o verso: "Investigue isso! Eu não posso mais" estava escrito em uma caligrafia irregular.


Ele abriu o pacote e descobriu no interior um monte de papéis, alguns já meio amarelados: recortes de jornal unidos por clipes enferrujados, anotações desconexas com a mesma letra irregular, alguns desenhos que pareciam ter sido feitos no jardim de infância e uma série de fotografias. Ken dedicou alguns instantes a ler as manchetes dos recortes. "Criança desaparece em Brighton", "Menina de 4 anos some da casa dos pais em Topika", "Gêmeos continuam desaparecidos em Leigh"... parecia haver um padrão. Seu faro jornalístico havia sentido o cheiro de algo potencialmente interessante.


Separou os recortes de lado e apanhou uma das fotos. Era antiga e granulada, parecia uma cópia xerox da original em sépia. Mostrava um grupo de crianças brincando em um playground. Pelas roupas, ele datou mentalmente a foto com sendo algo dos anos 50. Colocou ela de lado e apanhou outra. Mais uma vez crianças brincavam em balanços, desciam escorregadores e corriam. Ken analisou mais três fotos semelhantes e franziu o cenho. Ele percebeu algo estranho. Observou a primeira foto com atenção redobrada: no canto superior, perto de onde ela foi cortada, era possível perceber uma pessoa observando junto de alguns arbustos e árvores. Era o único adulto na foto e isso chamou sua atenção.


Ele apanhou a segunda foto amarelada. Um menino de uns 6 anos com a camisa do Clube do Mickey mostrava o que parecia ser um aviãozinho de plástico vermelho. Atrás dele, lá no fundo, Ken olhou com mais atenção. Havia uma forma sombria, quase fora do alcance da máquina perto de uma cerca branca. Era uma pessoa, mas desfocada ao ponto de seu corpo parecer deformado de tão delgado. Talvez fosse o filme de má qualidade ou a revelação inferior.


Apanhou uma lente de aumento na gaveta sem desgrudar os olhos das fotos. Olhou com atenção para uma terceira, quarta, quinta... em todas era possível perceber a figura soturna observando à distância. Um observador solitário testemunhando momentos de felicidade de crianças inocentes. Olhou para um dos recortes: "Crianças desaparecidas em Fullertown" e teve um arrepio. 


Ken se deteve em uma das fotografias com mais atenção. Ele olhou com mais cuidado e percebeu que se tratava da Praça Washington. Ele reconheceu a fachada da Igreja de São Francisco. Era onde sua mãe costumava levá-lo quando ele era criança. Onde ele adorava brincar nos escorregadores, subir nas árvores e brincar com os meninos. Ken viu as crianças brincando e sorrindo, teve então uma súbita sensação de apreensão um instante antes de reconhecer a si mesmo. Lá estava ele, aos 6 ou 7 anos de idade! A camiseta dos Jets que seu pai havia comprado no dia em que foram ao estádio (há quanto tempo ele não pensava nela?).


Ele murmurou baixo "mas que porra é essa?" e então voltou a lente para o background da fotografia. Havia no fundo árvores, um muro baixo e algumas mesas de concreto onde os pais aguardavam enquanto liam jornal, fumavam ou conversavam entre si enquanto os filhos brincavam. Não havia ninguém ali, estava estranhamente vazio. Ken correu os olhos e então percebeu que havia uma silhueta delineada, a forma inconfundível de uma pessoa muito alta e magra, parecia vestir um terno preto e gravata. Não conseguia ver o rosto dele, mas a figura estava de frente observando como sempre, à distância. Ken virou a fotografia e imediatamente sentiu as pernas amolecerem. No verso, estava escrito: "Kenneth - 7 anos".

Origem:

Há diversas teorias sobre a origem do Slenderman, mas poucas certezas sobre o que exatamente é essa manifestação e  quais os seus objetivos. As duas teorias mais difundidas à respeito da origem da entidade versam sobre outras realidades e manifestações do pensamento humano.

A primeira envolve princípios de relativismo e física quântica. Ela sugere que o Slenderman seria uma espécie de viajante trans-dimensional, uma criatura da quarta dimensão, capaz de se mover livremente através do tempo e espaço. O Slenderman não pertenceria a nossa realidade, mas seria capaz de adentrar nosso plano físico (e outros) empregando para isso meios ainda desconhecidos. Portais ou brechas dimensionais abertas por intermédio de magias ou conceitos de hiper-matemática são uma possibilidade contemplada, embora alguns considerem que essa habilidade é inata e depende apenas de alguns movimentos.

Movendo-se através de planos e dimensões, o Slenderman poderia aparecer onde e quando bem quisesse, sem se preocupar com distâncias, espaços físicos ou épocas. Essa teoria é corroborada pelos alegados poderes de deslocamento espacial que a criatura possui, podendo desaparecer e se rematerializar em outro local num piscar de olhos. A teoria também provaria que a criatura é capaz de aparecer em diferentes épocas e lugares distantes validando provas documentais tais como fotografias obtidas no início do século XIX e narrativas ainda mais antigas sobre suas aparições.

Essa hipótese não explica se o Slenderman é uma entidade única ou apenas um membro de uma raça ou espécie. Também não responde se apenas ele é capaz de efetuar deslocamento espaço-temporal ou se essa é uma capacidade inerente à todos de sua raça (se estes existirem).

A segunda teoria envolve o conceito tibetano-budista chamado Tulpa. A Tulpa é uma manifestação física de um objeto ou de um ser vivo, criado através dos pensamentos. Segundo a doutrina, um mesmo pensamento conjurado através de meditação, disciplina e força de vontade pode se materializar em um aspecto físico desejado. Em outras palavras, a tulpa é uma idéia que de tão poderosa adquire corpo e vida própria.

A doutrina tibetana afirma que a criação de um Tulpa demanda a observância de uma série de conhecimentos profundos e um rígido treinamento mental. Quando um tulpa se forma ele fica vinculado a pessoa que o criou e pode ser usado como servo, embora essas criaturas com o tempo se tornem irritadiças e rebeldes com a condição de servitude, podendo desafiar quem as criou, podendo ferir ou até matar.

É possível que um tulpa venha a se formar acidentalmente a partir da crença coletiva de um grupo de pessoas que passa a contemplar um mesmo pensamento, lentamente o moldando em uma entidade viva. Os defensores dessa teoria creem que o Slenderman jamais existiu até ser idealizado em uma página de internet como uma monstruosidade que atraiu a atenção de várias pessoas que começaram inadvertidamente a contemplar sua existência no plano físico. A medida que mais e mais pessoas focavam sua atenção na entidade, concedendo a ela características particulares e peculiaridades, a energia mental foi tomando forma até se transformar em algo real.

Ao contrário de um tulpa criado pela disciplina mental de um indivíduo, um tulpa gerado acidentalmente por inúmeras pessoas não fica sujeito a vontade de nenhuma delas. Ele passa a existir por conta própria seguindo aquilo pelo qual foi idealizado quando passou a existir fisicamente. No caso do Slenderman, se ele for realmente um tulpa, tudo o que ele sabe é o que foi incutido no momento de sua criação. Ele seria portanto uma entidade naturalmente maligna cujo objetivo é apenas observar, espreitar e raptar crianças.

O misticismo tibetano declara que nem todos os pensamentos são capazes de gerar um tulpa, se assim fosse a mera faculdade da imaginação seria um perigo em potencial para a humanidade. Qualquer pensamento poderia aflorar para o mundo físico. Contudo, alguns pensamentos especialmente poderosos podem roubar a forma de outros tulpa já existentes e assim ganhar vida própria. Pensamentos especialmente diabólicos teriam essa faculdade.

Se existe um fundo de verdade nessa hipótese, o Slenderman seria atraído por pessoas que o imaginaram ou que de alguma forma o contemplaram vividamente. Isso não significa que a pessoa precisa acreditar na existência do Slenderman para atraí-lo, basta um sonho incrivelmente real, um exercício de meditação ou mesmo um pesadelo traumático para sedimentar o contato e fazer com que o Slenderman comece a aparecer para o indivíduo.

Características:


O Slenderman é descrito como uma entidade invisível para a maioria dos indivíduos. Em geral, ele não pode ser visto por adultos ou pessoas que não acreditam na sua existência. É possível que essa peculiaridade esteja ligada a algum tipo de faculdade psíquica poderosa emanada pelo próprio Slenderman. Talvez o cérebro ainda em formação de crianças não seja afetado por essa emanação, o que faz com que a mente infantil possa registrar a presença da criatura.


Adultos por alguma razão perdem essa suscetibilidade a medida que crescem e perdem a capacidade de captar a presença do Slenderman, exceto através de meios indiretos como por fotografia ou filmagem. Adultos podem vir a re-estabelecer a percepção, a medida que o Slenderman começa a espreitá-los com maior frequência. Muitas pessoas que passaram por essa situação comentam que conseguem "ver o Slenderman apenas pelo canto da vista", mas que ao se voltar para vê-lo mais claramente ele não está lá. Essa condição em alguns casos também é descrita como uma forte sensação de estar sendo observado.

Alguns conjecturam que o Slenderman também é incapaz de perceber outros seres vivos além de crianças e aqueles adultos que começam a perceber sua existência. Isso explica porque o Slenderman seria naturalmente atraído para lugares onde crianças se reúnem como parques, playgrounds ou escolas.

Isso nos leva a imaginar qual o objetivo do Slenderman e o que ele pretende com as crianças e pessoas que ele consegue capturar. Infelizmente, não existe um consenso geral sobre isso.

Para alguns, o Slenderman utiliza a energia vital de outros seres vivos como sustento. Ele se alimentaria dessa energia através do contato físico drenando cada parcela do corpo da presa até desfazer por completo seu corpo, transformando-o em poeira. Isso explicaria porque nenhuma vítima do Slenderman jamais foi encontrada.

Outra hipótese é que o Slenderman carrega suas presas consigo para seu lugar de origem (seja este lugar uma dimensão, plano ou mundo espiritual). Nesse caso, a vítima seria transportada para uma outra realidade  de onde não há retorno exceto para quem é capaz de dominar o meio de entrada e saída. Qual o propósito desse sequestro, não podemos sequer supor, mas é razoável assumir que ninguém que tenha sido transportado na companhia do Slenderman retornou.

Em mais de uma ocasião, a presença do Slenderman foi responsável por causar interferência em equipamento eletrônico. Falhas elétricas, curto circuitos e em alguns casos mesmo blackouts são relativamente comuns onde a criatura se manifesta e esses efeitos podem perdurar mesmo por alguns dias após ele deixar a área. Luzes piscando, lâmpadas tremeluzindo em intensidade, equipamentos eletrônicos ligando e desligando podem ser um sinal da passagem do Slenderman. Equipamento sensível como filmadoras digitais, que são capazes de registrar a presença da criatura, podem apresentar pequenos defeitos na captação de imagens e som ambiente.

Uma das características mais perturbadoras sobre o Slenderman diz respeito ao fato dele possuir algum tipo de controle sobre seu próprio corpo.

A estatura do Slenderman tende a variar drasticamente em cada uma das suas aparições registradas, em algumas fotografias e vídeos ele não parece ter mais do que a estatura mediana de um homem adulto (algo em torno de 1,70 m) já em outras a altura do Slenderman atinge até 3,80 m. Isso sugere que a criatura possa alterar de alguma forma sua estatura.

Outra característica marcante é sua capacidade de alongar os membros, sobretudo os braços a distâncias impossíveis. Alguns vídeos sugerem que o Slenderman possui longos tentáculos, mas em outros vídeos os braços são claramente perceptíveis, terminando em mãos normais com quatro dedos e polegares opostos. Alguns observadores acreditam que o Slenderman detém completo domínio sobre sua própria estrutura óssea e muscular podendo assim afinar e esticar os membros de tal maneira que eles assumem a aparência tentacular. Nos vídeos em que os braços aparecem alongados, eles apresnetam um alcance de até oito metros. Testemunhas relataram que o Slenderman é capaz de alongar os dedos da mesma maneira, mas estes registros não são tão frequentes.

Há rumores afirmando que o Slenderman pode criar braços adicionais que surgem a partir dos flancos de seu tronco. Existem fotografias que corroboram esse rumor, embora na maioria das aparições o Slenderman apresente dois braços. Os membros adicionais são comparativamente mais finos e longos, podendo se estender a até 10 metros de distância, qual o seu propósito e como eles surgem é um mistério.

Tão marcante quanto os braços incrivelmente longos é a face do Slenderman, ou como muitos destacam a ausência dela. Testemunhas descrevem a face da criatura como um "borrão desfigurado" ou "um vazio sem feições humanas". Parece ser consenso que o rosto do Slenderman não apresenta traços faciais perceptíveis: nem olhos, nem nariz, nem boca ou orelhas. Algumas testemunhas sugerem que o rosto parece "derretido" ou "moldado", o formato contudo, é tipicamente humano e alongado, a pele sobre ele é pálida e esticada sobre o crânio de tal forma que não se percebe saliência ou depressão. Na ausência de meios análogos é impossível saber como (e se) o Slenderman possui recursos sensoriais. É provável que ele disponha de algum tipo de sensor que lhe garante a faculdade de perceber o mundo a sua volta, mas não há como saber qual o seu funcionamento. Em várias situações o comportamento do Slenderman pode ser descrito como "observador" ou "atento" e claramente ele demonstrou em mais de um vídeo reação a sons e estímulos externos. Há teorias de que a criatura domine algum tipo de telepatia, mas não há como confirmar essa informação. Não há casos em que o Slenderman tenha se comunicado verbalmente (ou por outro meio) com terceiros.

Outra característica perturbadora sobre o Slenderman envolve a reação nervosa experimentada pelos indivíduos que o vêem pela primeira vez. A presença física da criatura parece causar algum tipo de distúrbio nervoso em suas vítimas. Algumas pessoas relataram náusea, confusão mental, tontura, taquicardia, sudorese, falta de ar e em mais de um caso sangramento nasal. Vítimas chamam a atenção para o "olhar" do Slenderman como causador dessa reação adversa: "É como olhar para o vazio e enxergar uma total falta de esperança, de humanidade", escreveu um indivíduo que relatou repetidos encontros com a entidade.

Alguns afirmam que o mero vislumbre do Slenderman pode ocasionar paralisia muscular completa. Para alguns a criatura utiliza conscientemente essa faculdade a fim de imobilizar suas vítimas quando deseja capturá-las ou se aproximar delas. "Eu não conseguia me mover. Meu corpo não obedecia, tudo o que eu podia fazer era olhar na direção dele. Ainda tenho pesadelos com isso", relatou uma testemunha que afirma ter sofrido uma espécie de atrofia muscular nas pernas. "Sinto uma dormência constante desde então e faço tratamento de fortalecimento muscular, mas minhas pernas nunca mais voltaram ao normal".

Encontros de qualquer natureza com essa entidade tendem a ser traumáticos deixando sequelas profundas na vítima. A curto prazo o indivíduo desenvolve um quadro de confusão mental que se agrava progressivamente evoluindo para sintomas que incluem paranoia, insônia, tremores, pesadelos recorrentes, alucinações e agressividade latente. Embora não haja um estudo psiquiátrico formal, suicídio parece ser frequente entre indivíduos que afirmam ter sido perseguidos pelo Slenderman.

Informações Adicionais

O Slenderman não possui uma definição exata ou uma história específica, entretanto alguns pesquisadores acreditam que avistamentos dessa entidade ocorrem pelo menos desde o início do século XVII.

As lendas germânicas sobre o Der Ritter e Der Grossman, parecem se encaixar perfeitamente no perfil do Slenderman. Em ambos os casos, uma entidade esquelética, com a face desfigurada e longos braços é apontada como causadora de tragédias e desaparecimentos. O folclore germânico é rico em monstros, fadas e seres das trevas responsáveis por sequestrar crianças, sobretudo aquelas que desobedecem os pais.

Se o Slenderman for contemporâneo ao Der Ritter, podemos concluir que a entidade é muito mais antiga do que se imagina ou que ela possui alguma forma de desafiar a passagem do tempo.

Existem pelo menos três famosas fotografias das primeiras décadas do século XIX onde uma figura semelhante ao Slenderman pode ser percebida. Há testemunhos sobre avistamento da criatura na América, Grã-Bretanha e Rússia relacionado a desaparecimento de crianças. Por volta de 1900, frequentes avistamentos teriam ocorrido na Alemanha, levando pânicopara populações camponesas no Vale do Reno.

Durante a Grande Guerra soldados de ambos os lados (em especial os muito jovens) relataram o avistamento de uma criatura cuja descrição se assemelhava ao Slenderman. Em alguns casos a criatura parecia usar um uniforme militar e máscara de gás, mas sua aparência era incrivelmente bizarra. Um asilo de veteranos em Chartres nos anos do pós-guerra registrou pelo menos seis casos de soldados que sofriam de esgotamento nervoso e que descreviam a existência de uma entidade tenebrosa vista por eles durante o conflito. Médicos alemães relataram casos similares sofridos por seus homens. Em 1916, pouco antes do fim da Guerra, o Alto Comando Alemão estudou uma epidemia de suicídios que vinha ocorrendo entre os combatentes mais jovens na região de Argonne.

Surpreendentemente as aparições do Slenderman se tornaram mais raras a partir dos anos 30, havendo poucos registros da lenda que ressurgiu com mais força a partir dos anos 50. Com a popularização das máquinas fotográficas e câmeras, registros com aparições do Slenderman começaram a aparecer com maior frequência.

Slenderman e o Mythos

O Slenderman não é uma típica criatura do Mythos. A Lenda Urbana carece de informações adicionais para ser correlacionada a alguma entidade, monstro ou ser que faz parte do nefasto Mythos de Cthulhu.

O Slenderman é extremamente enigmático: não existem referências a ele em nenhum tomo profano, nenhum documento ancestral menciona o seu nome e nenhum culto o venera. À primeira vista, o Slenderman parece ser algum tipo de criatura única cuja origem e propósito desafia os estudiosos do Mythos a formular uma teoria.

Uma possibilidade aventada é que o Slenderman seja uma criatura ligada a raça dos Andarilhos Dimensionais, uma raça humanóide capaz de transitar entre planos e dimensões sem pertencer formalmente a nenhum local em especial. Mas parece existior uma diferença essencial entre os Andarilhos Dimensionais e o Slenderman além da aparência destoante. Os Andarilhos parecem servir a Deuses Exteriores, aos Grandes Antigos e eventualmente a feiticeiros. O Slenderman não parece compelido a servitude de nenhum desses elementos.

Alguns teóricos acreditam que o Slenderman possa estar relacionado ao Mito de Carcosa e por conseguinte estar associado ao Rei Amarelo, o mais frequente avatar de Hastur, o Inominável. Nas ocasiões em que Carcosa tocou a Terra, uma figura semelhante ao Slenderman teria sido vista acompanhando á comitiva do Rei Amarelo. Em 1903, uma montagem teatral da peça "O Rei Amarelo" encenada uma única vez em Viena trazia um personagem chamado "O Homem Esguio". O personagem era um dos súditos do Rei Amarelo e aparecia no ato final.

Contudo, uma das hipóteses mais provocativas assume que o Slenderman possa ser um obscuro avatar do Deus Exterior Nyarlathotep. Assim como a maioria dos disfarces usados pelo Caos Rastejante, o Slenderman parece existir com um único intuito: disseminar a loucura e o caos onde quer que ele escolha aparecer. Seu aparente interesse na humanidade também se encaixa nas ações de outros avatares de Nyarlathotep que costumam influenciar, manipular e perverter humanos e extrair disso enorme satisfação. A teoria, no entanto, não é perfeita: O Slenderman jamais teve um culto estabelecido e não há informações sobre interação dele com indivíduos fanáticos que procuraram atrair sua atenção com promessas de eterna devoção.

Alguns partidários dessa teoria podem sugerir que sendo o Slenderman imortal e onipresente em qualquer época, seu culto ainda venha a existir e até proliferar em algum momento de um negro futuro da humanidade.

6 comentários:

  1. Olá. Antes de mais nada é preciso dizer que acompanho o site a algum tempo e só agora reolvi escrever.

    Graças aos últimos posts (em especial o Marble Hornets) me inspiraram a fazer um jogo de terror com o Sladerman.

    Eu só ando com um problema, eu consigo imaginar os jogadores achando gravações e arquivos antigos com detalhes deles investigando, mas sempre que eu imagino que eles vão encontrar arquivos de coisas que eles fizeram (mas não se lembram) eu imagino que vai ficar um pouco chato.

    Afinal 80% do jogo vai ser eu narrando coisas que os jogadores não fizeram e no tempo presente eles não tem nada para fazer.

    Sugestões de como me ajudar com isso?

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    1. Depende em que você está fazendo esse jogo, já vi muitas histórias boas até em RPG Maker, bem como umas horríveis pra consoles de videogame normais xD

      Uma dica é fazer com que os próprios personagens narrem suas histórias e não você, tipo, e Batman Arkhan Asylum, você pode ver espalhadas algumas fichas e lugares que contam a história de detentos, daí se o jogador quiser, ele lê pra se inteirar do que acontece ali, aí você tem tempo pra fazer o jogo se depender dessa narração toda. Tente fazer e uma maneira que saber a história desses personagens independa de terminar o jogo, mas ao mesmo tempo, faça várias referências no jogo à história dos personagens, fazendo o jogador perceber essas referências caso vá ler as histórias.

      É bem difícil mesmo xD

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  2. ao invéz de pôr os jogadores a viver o passado... que é previsível... afinal... eles estão vivos no presente... bote-os a procurar por respostas... achando coisas do passado entre fotos e cartas...

    sei lá... um deles pode acabar achando uma foto consigo mesmo... e o slenderman ao fundo... envolvendo os outros... e a coisa começa a voltar... mas tudo no presente... assim aumenta a tensão!

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  3. Gostei posso colocar o conteudo desse blog no meu?
    claro que vou coloca o endereço do seu blog

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  4. Linda matéria!

    Muito inspiradora. Faz a cabeça da gente pipocar de ideias.
    Parabéns pelo post!!!

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  5. caaara, animei a voltar pros rpg's só por causa do seu blog, e em especial, esta matéria. meus parabéns (:

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